Lançamento Fiat Marea no Brasil
Há 20 anos, o mercado automobilístico nacional aguardava o lançamento do seu mais novo modelo que trazia tecnologia com tempero italiano
Parece que não, mas o ano de 1998 já se passou há vinte anos. E óbvio, muitas coisas daqueles tempos para cá mudaram, sobretudo no campo da tecnologia. O mercado automobilístico também mudou severamente: a onda dos carros semi-autônomos e a tecnologia híbrida cada vez mais acessível dão a tônica dos novos tempos.
A linha Marea naqueles idos do penúltimo ano do milênio era o que se esperava de um modelo com boas doses de tecnologia embarcada alinhada com muita personalidade. Com o objetivo de substituir o já veterano Fiat Tempra, lançado no Brasil no começo de 1992, e fazer frente a supremacia do então novo Vectra lançado em 1996, o novo Fiat era um tanto quanto controverso em seu visual: no sedã, sua dianteira aerdonâmica com linhas agressivas e faróis baixos de duplo refletor e superfície complexa não combinavam com sua traseira arredondada sem muita originalidade. Na Marea Weekend, porém, as lanternas traseira eram integradas na coluna do vidro formando um visual muito atraente.
Internamente o ponto alto do carro era sua ergonomia irretocável, com comandos a mão, ótima posição de dirigir e instrumentos do console com excelente leitura. Não só o biotipo era bem tratado, mas também a audição. O ronco instigante do motor 2.0, 20 válvulas, cinco cilindros e 142cv de potência era um convite a uma tocada mais esportiva. Com velocidade máxima anunciada em 200km/h e 0-100km/h feitos em menos de 10 segundos, o Marea era, de fato, um sucessor a altura do também ágil e badalado Tempra 16V.
Disponível no lançamento inicialmente em duas versões, o Marea ELX dispunha de ar-condicionado automático com saída para o banco traseiro, direção hidráulica, conjunto elétrico, freio a disco nas quatro rodas e rodas de liga leve entre os principais. Por sua vez, a versão HLX oferecia airbags laterais (foi o primeiro carro nacional a oferecer esse equipamento), freios ABS, bancos em couro, teto solar elétrico e lavadores de faróis, alguns como opcionais. Sendo um carro para poucos, o Marea partia de aproximadamente R$ 29 mil reais na versão ELX. Quantia razoável para 1998.
Em outubro do mesmo ano surgia a versão SX. Influenciada pela menor alíquota de imposto, sua potência foi reduzida para 127cv, mantendo o mesmo propulsor e a bela sinfonia. Custando em torno de R$ 24 mil reais, essa versão perdeu as rodas de liga leve, bancos de veludo e o ar-condicionado passou a ser opcional.
A cereja do bolo daria as caras no salão do automóvel daquele ano: a versão Turbo. Agora com 182 cv de potência, o Five-Tech além da turbina Garret T28 recebia bielas e pistões redimensionados e válvulas de escape refrigeradas a sódio. Tal receita deu certo: o modelo registrou velocidade final de 220km/h e aceleração de 0-100km/h em aproximadamente 8 segundos, números que o tornaram o carro nacional mais rápido do país e que até hoje impressiona.
Eleito O Carro do Ano de 1999 por revistas especializadas e consagrando vencedor em diversos comparativos, o Marea causou grande furor em seu lançamento, incomodando a concorrência composta na época pelo VW Santana, Honda Civic, Chevrolet Vectra e Toyota Corolla. Moderno, bonito e com uma receita que unia desempenho, dirigibilidade e prazer em dirigir, o carro nasceu com todas as pompas e circunstâncias.
Ninguém poderia prever, porém, que seu fim em 2007 seria tão caquético: motores de menor cilindrada, fim da versão Turbo, mico de mercado, fama de manutenção cara e com altíssima depreciação. Muitos até tentam explicar os porquês desse insucesso: falta de mão de obra especializada; pós-venda deficiente; negligência com manutenção, enfim, muitas teorias, todavia uma coisa é certa: o Marea em seus dias de glória representou com louvor a missão de dar continuidade a evolução dos médios da marca ítalo-mineira. Pode-se dizer que a linha Marea foi o última nesse aspecto, deixando uma lacuna não preenchida até então.
Por essas e outras foi mesmo um carro "Surpreendente em tudo".
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